Desabafo

Quando me sento em frente ao computador e posso, finalmente, desabafar sinto-me livre porque sei que ninguém me vai julgar nem criticar, porque sei que alguém vai simplesmente "ouvir" aquilo que trago dentro do meu coração e fechado na minha alma!
Existem coisas que são ditas com mais facilidade a estranhos, que nada sabem sobre nós, e que muitas das vezes nem querem saber, mas eles "ouvem" porque sabem ou porque não têm nada a perder! E nós desabafamos e ficamos mais leves, mais calmos, mas não conseguimos evitar o vazio, a procura constante de apoio nos olhos dos outros para nos sentirmos completos... Não conseguimos evitar as lágrimas que caiem no fim do dia quando estamos sozinhos em frente a um computador ou a olhar nos olhos de alguém à espera de um abraço ou de uma resposta!

Todos nós temos momentos menos bons, faz parte da vida. O importante é que se contem mais momentos bons do que maus. Ultimamente, as coisas boas da vida têm-me parecido tão escassas ou tão breves que não as consigo saborear... Tenho-me fechado na minha concha com medo de amar novamente. Isso requer um trabalho para o qual não estou preparada... Mas à noite, quando estou sozinha com os meus pensamentose dava tudo para que a vida pudesse ser, nem que fosse por um dia apenas, um conto de fadas, um sonho, o meu sonho, para puder voar livremente, sem medos, sem inseguranças e sem receios.

É muito mais fácil colocar rótulos nas pessoas e nem sequer tentar conhece-las. É muito mais fácil julgar os outros sem termos a certeza de que é feita a essência de cada um de nós.
E porquê tudo isso?
Porque conhecer alguém requer trabalho, requer vontade, requer o saber de conseguir olhar mais além, além do que é visto pelo olhar, algo que trazemos cá dentro e faz de nós as pessoas que somos.

Às vezes é como se estivessemos a olhar para um espelho, onde outra pessoa nos imita, não somos nós, é um reflexo e, muitas vezes, durante a nossa vida deixamos de ser nós próprios para sermos apenas um reflexo das nossas atitudes, dos nossos momentos e dos nossos gestos! Olhamos aquele reflexo que nos mira, conhecemos aquele olhar triste, vazio e incompleto que nos persegue cada vez que vamos dormir... Porque aquele reflexo não é mais que uma parte de nós que queremos deixar adormecida, fingindo que não existe, que nunca esteve realmente lá e que só aparece quando fechamos os olhos.